19/03/2012

A Serbian Film – Terror Sem Limites (2010)

Há no mundo uma espécie de “sabedoria popular” que diz que o que é proibido é mais gostoso. Provável resposta secular para o moralismo castrador imposto durante séculos pelas religiões, em especial pelo catolicismo, esse pensamento merece uma rápida reflexão. O que é proibido, geralmente, o é moralmente e/ou legalmente baseado em experiências empíricas, reflexões e debates que visam o bem estar coletivo e a manutenção da ordem social. Enquanto algumas proibições, como a de matar, apresentam um apelo inquistionávelmente universal, outras tantas, como a proibição do uso de drogas, sempre provocarão discussões acaloradas sobre o poder do Estado sobre a vida e as escolhas do cidadão, ocasionalmente despertando indiretamente a curiosidade do mesmo sobre o “objeto” proibido. Mesmo que não seja necessariamente “bom” ou “mais gostoso”, o que é proibido goza de um enorme poder de sedução que vez ou outra nos leva a transgredir limites impulsionados pelo desejo de ter/conhecer algo que, teoricamente, não deveríamos. A Serbian Film – Terror Sem Limites é um filme sobre proibições e, como era esperado, ganhou fama e despertou interesse de muita gente (\o) devido a um histórico de proibições e banimentos de vários festivais e países.


Vejamos a premissa: Milos (Srdjan Todorovic) é um ator pornô aposentado que recebe uma proposta de um obscuro diretor (Sergej Trifunovic)  para voltar a ativa naquilo que é definido apenas como “um filme de arte”. Seduzido pela grande soma de dinheiro oferecida e contando com o surpreendente apoio da esposa, Milos assina um contrato que pouco ou nada revela sobre o que ele deverá fazer no tal filme. A experiência revela-se uma exploração do que há de mais vil e doentio nos desejos sexuais humanos e Milos é levado a cometer todos os tipos de atrocidades possíveis e imagináveis. Reforçando: TODOS os tipos.


                                               Milos sendo provocado pelo diretor



Dentre os motivos que justificaram a rejeição do público e a perseguição do filme assinado pelo diretor Srdjan Spasojevic, estão cenas envolvendo pedofilia, necrofilia, sexo explícito e assassinatos brutais. Quando eu digo pedofilia, não pense em crianças de 10-12 anos sendo molestadas, imagine um bebê recém saído do útero da mãe sendo abusado. Por necrofilia, entenda um homem transando com um corpo do qual ele mesmo acabara de decepar a cabeça. Some a isso cenas de um falo sendo usado como uma verdadeira arma e está pintado o quadro que chocou e revoltou pessoas em várias partes do mundo.

Visto além da polêmica intencional, A Serbian Film é um suspense psicológico bem executado. O argumento do diretor de que não há limites para a perversão humana (e para a curiosidade que ela desperta) é desenvolvido satisfatoriamente  e faz um uso inteligente da quebra da linha temporal para prologar a história e segurar o interesse do espectador. Ponto para o diretor. No que diz respeito as opções visuais e metafóricas adotadas pelo mesmo, devo dizer que ele tem o meu respeito apenas no tocante a liberdade de expressão que deve acompanhar o desenvolvimento da produção artística. A Serbian Film não cria os elementos de sua polêmica e não os incentiva, muito pelo contrário, entendo até que a exposição do tema provoque uma repulsa que ajuda a combater aquelas atrocidades. O “porém” aqui resume-se ao fato de que o público alvo dessa “sensibilização” que o filme pode provocar é insignificante perto daquele que simplesmente repudiará veementemente tanto o que é visto quanto a iniciativa de fazer algo do tipo.

Ao proibir A Serbian Film – Terror Sem Limites, as entidades defensoras da “moral e dos bons costumes” acabaram dando um tiro no pé visto que o filme espalhou-se impulsionado pela curiosidade já discutida e foi visto por mais pessoas do que seus méritos alcançariam sozinhos. Cumpre-se indiscutivelmente o objetivo de incentivar o debate sobre os temas propostos e sobre os efeitos da proibição.


                                                           Momento (Leve) Do filme

2 comentários:

  1. Vou baixar e assistir esse filme, quem sabe este não tenha alguma coisa que a minha pessoa ainda não tenha visto em excesso né? kkk Valeu pelo o post. A sim, se possível dedique um post com imagens da Deep Web, claro vende para menores de idade, sensíveis, cardíacos e moralistas. Seria interessante mostrar a 'realidade' dark para os leitores assíduos do seu blog, até mais. Sucessos.

    ResponderExcluir
  2. p que eu gostaria de mostrar iria chocar muito as pessoas.
    e talvez eu até perderia o blog.
    o máximo que eu poderia mostrar é o que já esta aqui na superfície.

    ResponderExcluir